sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

"Barrinha ao Entardecer", a nova obra de Francisco Pinho

Francisco Pinho nasceu em Cortegaça a 18 de Maio de 1948. Durante o seu percurso cultural, redigiu sete ou oito livros de poesia, além de ter sido membro integrante (actor e encenador) do Grupo de Teatro Renascer. 
No passado dia 20 de Fevereiro, Francisco Pinho apresentou no Antigo Quartel dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz a sua nova obra - "Barrinha ao Entardecer". Ao longo dos seus magistrais versos, Francisco enaltece a beleza natural da Barrinha bem como realça as fantasias que sempre existiram em seu torno. Todavia, este poeta não deixa também de apontar o dedo a todos aqueles que não cumpriram o dever de zelar pela sua protecção no decurso das últimas décadas.
No evento da apresentação do livro, participaram igualmente alguns nomes sonantes tais como: Aurora Gaia (actriz e ex-caracterizadora da RTP), Emanuel Pinto, Daniela Nunes, José Reis, Rui Tavares, Jéssica Soares...
Além da recitação de poemas do autor, o evento proporcionou ainda momentos de música e de teatro. Estiveram presentes mais de 60 espectadores.
Em seguida, partilharemos com os nossos leitores três poemas da autoria de Francisco Pinho que já haviam sido publicados no Boletim Esmoriz/Barrinha em Foco (edição de Junho de 2015) e que decerto são agora parte da sua nova obra.



BARRINHA SONHEI CONTIGO... 
(Soneto da autoria de Francisco Pinho)

 
Aquela tão doce amada, meiga, delicada,
Onde as minhas mágoas, florinhas a brotar.
Olhos da cor do céu, és minha flor amada,
A água reflete brilhos quando está a sonhar... 

Tu foste num enigmático sonho perdido,
Mas a visão adorada vem pela noite, calada.
Ponho-me a olhar cheio de amor incendido,
Tempo em que a adorei, de perto avivada... 

Entre o luar difundido, amimei-te ansioso,
Como num conto de fadas, a alma entristece,
Ao ver o teu caudal, fico a olhar-te amoroso!... 

Barrinha, sonhei contigo, um sonho que adorei,
Agora cismo tristonho, e o sonho se desvanece,
Foi uma visão adorada, e num instante acordei!...




BARRINHA ESQUECIDA... 
(Soneto da autoria de Francisco Pinho)

 
Chegou o fim do ano, entrou outro ano,
O Sol infelizmente não despontou!
A Barrinha é um ícone dum engano,
Que a política sempre abandonou... 

Os Esmorizenses sentem-se lesados,
E aquela lagoa outrora foi bom pão!
De tantos pescadores sacrificados,
A maior parte até já perdeu a razão... 

Onde estão aqueles que tudo prometeram?
Lá longe a desfrutarem doutras lindas cores,
Enquanto a Barrinha se enrosca de dores!... 

Por causa deles, as aves e os peixes morreram,
Demagogias baratas, entristecem as gaivotas,
Que ficam chocadas com uma matilha de idiotas!...




ETERNA SENTINELA
(Soneto da autoria de Francisco Pinho)

 
Abandonada e só está a lagoa da Barrinha,
Figura milenária cá desta linda região.
Tem expressão dolorosa de quem está tristinha,
Porque quem a condenou não tem coração...

Não conhece os milagres nem tem amor,
Junto de si jamais colheu um carinho.
Só a ternura saudável da mais humilde flor,
E a desventura de pássaro sem ninho...

Ó eterna sentinela ó Barrinha desgraçada,
Ó filósofo triste e pensativo desta paisagem,
Será que no inferno de Dante foste encontrada?...

Foste conduzida a este sol tão abrasador,
Mas infelizmente não tens apoio de ninguém,
Tu és a estátua gigante da minha dor!..




Imagem nº 1 - Francisco Pinho apresentou o seu novo livro de poesia "Barrinha ao Entardecer". Além da escrita, o autor também revela uma propensão talentosa para a pintura, tendo criado dois bonitos quadros sobre a Barrinha.
Foto da nossa autoria

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