quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Justiça para o Paco (artigo enviado por Karmen Barreiro)

O MEU NOME É PACO E ESTA É A MINHA HISTÓRIA

Olá! O meu nome é Paco... bem, era o que me chamaram quando me salvaram boas pessoas. Até lá não posso saber se tinha nome ou não porque nunca ninguém se importou comigo. Onde morava em S. Vicente, Rio de Moinhos, PENAFIEL, não tinha uma casota onde refugiar-me. Passava o dia e a noite amarrado a um poste, com uma trela que, por vezes, não me permitia deitar quando ficava enrolada. Quando chovia molháva-me e quando fazia calor sofria muito. A minha “dona” atual, decidiu não alimentar-me, pelos vistos, já não me lembro à quanto tempo, mas foi muito! Se não sabem, a minha raça é Dogue Alemão. Somos considerada a raça mais grande de cães. O meu peso normal varia entre os 60-80 Kg e eu pesava 27Kg. Até ao dia 22 de Outubro, eu não fui importante para ninguém porque ninguém achou estranho eu estar tão magro. Digo isto porque onde eu morava havia casas perto e até um prédio com famílias que conseguiam ver-me e de certeza que me conheciam... não compreendo... 
No mesmo dia, um senhor (Zé Pedro no facebook) de Ermesinde, se encontrava a fazer uma obra nas proximidades de um terreno próximo aonde eu me encontrava amarrado. Quando me viu ficou espantado! e contactou de imediato a GNR que demorou só 10min a apresentar-se na casa da minha dona. Ela ficou atrapalhada (agora sei que tinha motivo), a dizer que eu não era dela (mas não conseguiu explicar como é que eu me encontrava amarrado dentro da sua propriedade..) Depois reconheceu que me tinha encontrado abandonado, à pouco tempo, que me tinha recolhido e levado ao veterinário. Pelos vistos, o veterinário lhe contou que eu tinha uma doença com um nome esquisito que a minha “dona” não conseguia pronunciar (Leishmaniose) e que ela, estando desempregada, não tinha dinheiro para pagar o meu tratamento. Por isso, tento compreender que era melhor deixar-me morrer á fome do que pedir ajuda ou libertar me. Foi feita queixa-crime e fui levado para o Canil Municipal de Penafiel nesse mesmo dia.
O Zé Pedro fez um pedido de ajuda no facebook com duas fotografias tiradas por ele quando me encontrou. Dizia assim: 22/10 as 16:23 “Alguma associação de animais poderá ajudar este pobre cão. Está preso sem comer e sem beber a dias. Vai ser retirar do os donos e vai ser levado para canil de Penafiel. Está a precisar de tratamento urgente.” 
Uma alma caridosa não ficou indiferente (Ana Costa no facebook) e entrou em contacto com ele para receber informações. Ana Costa enviou as fotografias para uma amiga em Esmoriz (Karmen Arturo no facebook) e o texto que as acompanhava dizia assim: “Será que podemos ajudar este cão?” 
Nesse mesmo dia, a Ana Costa tentou entrar em contacto com o Canil de Penafiel para tirar-me de lá mas explicaram que pelas horas que eram e por não estar a Médica Veterinária do Município de Penafiel eu não podia ir embora nesse dia. 
No dia a seguir, a Ana Costa começou a telefonar para o Canil ás 9h para falar com a Médica Veterinária mas foi informada por um funcionário de que só por volta das 16h, do dia 23 de Outubro, a mesma se encontraria no Canil.
O Sr Zé Pedro foi pessoalmente a essa hora para me levar, mas só consegui sair de lá depois de que fosse pago e colocado o microchip. Entretanto, durante a manhã, Karmen Arturo pediu ajuda a “Os Animais da Quinta da Charca/D. Constança” (Comunidade no facebook) que não duvidou em ajudar-me, sempre que alguém me leva-se até a Clínica Veterinária de Esmoriz onde a Veterinária já estava à minha espera. Às 17:30 o Zé Pedro conseguiu tirar-me do Canil de Penafiel e me levou pessoalmente até Maia ter com Ana Costa. Ela me levou até o Porto onde Karmen Arturo e Rita Couto me recolheram e me levaram até a Clínica em Esmoriz onde entrei ás 19h45mn. Uffff!!! Quantos amigos num dia! 
Lembro-me da cara de espanto de todos quando começaram a examinar-me. Ninguém acreditava que eu ainda estivesse vivo. Eu estava muito enjoado e estivem sempre a vomitar. Nesse dia fiquei internado em estado crítico. Karmen Arturo decidiu nesse dia adoptar-me junto com o seu marido. Como ela era enfermeira já estava a preparar tudo na sua casa para me tratar lá! Até uma cama só para mim, doação da Quintinha da Charca estava à minha espera! E ia ter 3 amigos junto com os meus donos: 2 cães e 1 gato!!
Mas já era tarde... No dia 24 de Outubro continuava muito doente, de aí a Veterinária decidir que deveria continuar internado. A minha temperatura corporal não subia e ainda que tudo dizia que eu ainda era novo em idade o meu estado de desnutrição em grau máximo não me permitia recuperar. Às 15h entrei em paragem cardiorespiratória, fui entubado e conectado a um respirador. Consegui recuperar passada 1 hora, mas às 18h do dia 24 de Outubro tive uma segunda paragem cardio-respiratória e o meu fraco coração não conseguiu aguentar.
E assim acaba a minha história. Uma história triste com final feliz. Triste porque tive uma vida miserável e já à muito que me tinha rendido. Feliz porque durante 2 dias fui acarinhado por pessoas desconhecidas que me mimaram e me sussurraram ao ouvido o lindo que eu era. Que me acariciavam e me diziam coisas bonitas para que eu resisti-se. Me abraçaram para ver se conseguiam aquecer me, até umas meias tinham ido a buscar para colocar nas minhas grandes patas!
Agradeço tudo o que elas fizeram por mim. Fui chorado, muito chorado quando parti. Ao final sempre existia alguém que gostava de mim. Tive um funeral digno, rodeado de pessoas que me acompanharam e me choraram como se de um familiar delas se tratasse. A todas essas pessoas o meu mais agradecido obrigado. Á minha antiga “dona” não lhe desejo mal, só desejo que se faça Justiça.





Este texto foi-nos enviado por Karmen Barreiro, e sendo este blog acérrimo defensor dos direitos dos animais e da natureza, decidimos publicar o artigo.


2 comentários:

  1. Triste, muito triste! Era escusado! O meu bem haja a todas as pessoas que apesar de tudo se esforçaram por salvar o cãozinho! E quanto ao resto, como é que ficamos, hem!? Responsabilidades!?

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  2. Como é possível....?
    Lamento que haja «gente» assim.
    Augusto

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