sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

"A vingança certa" - artigo de opinião de Miguel Esteves Cardoso in Público

Quando apanharem os assassinos que entraram na redacção do Charlie Hebdo para assassinar aqueles que tinham feito desenhos satíricos sobre Maomé, consola-me saber que não passarão mais de 25 anos na cadeia.

Os fanáticos desprezarão o sistema francês que não só não mata os assassinos como lhes restitui a liberdade após vinte e poucos anos. Todos estarão cá fora antes de fazerem 60 anos, não obstante terem tirado as vidas a (pelo menos) doze pessoas.

Tal como fizeram os noruegueses com o assassino de massas que foi condenado a 21 anos de prisão preventiva os franceses serão igualmente indiferentes à lei de talião.

O "olho por olho, dente por dente" é um castigo estúpido. Não matar assassinos é um castigo inteligente. Os psicopatas assassinos que invocam o Islão para passarem por pessoas religiosas podem achar que a nossa misericórdia é um sinal de fraqueza.

Não é. É uma prova de força. Tal como já não se sacrificam animais, não se matam pessoas. Pelo menos na Europa que, por muitos problemas que tenha, está sempre à frente dos países mais antigos (como a China) ou mais novos (como os E.U.A) que continuam a tolerar as penas de morte.

Com o desprezo dos assassinos e dos intolerantes podemos nós bem. As pessoas que acham que está certo matar pessoas que matam já são desprezíveis. Mas não é preciso matá-las por causa disso.

A vingança certa é ser condescendente com os assassinos. É tirar-lhes a razão. É não termos pena deles. Nunca.


Miguel Esteves Cardoso
(In Jornal O Público online)



Imagem nº 1 - Cartoon de homenagem às vítimas.



Muito sinceramente, é isto que eu penso exactamente, e por decidi citar este sábio artigo da autoria de Miguel Esteves Cardoso. 
Nós europeus, pese os nossos defeitos (que também os possuímos!), somos diferentes, e adoptamos o pensamento mais respeitador das liberdades humanas. É isso que faz com que a nossa civilização seja cobiçada por muitos! Podemos viver num velho continente, mas igualmente experiente e com uma história singular e que assim aprendeu com os erros do passado, abolindo a pena de morte e pugnando pela defesa dos direitos humanos. 
Por várias vezes, me queixei da falta de solidariedade entre os países da União Europeia em momentos de crise económica, mas nestas alturas, apetece-me gritar bem alto - tenho orgulho em ser europeu! Aqui não condenamos ninguém por ter preferências religiosas, sexuais ou partidárias distintas. Afinal, todos cabem neste mosaico tolerante de culturas. 
VIVA A EUROPA! 

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